sábado, 16 de julho de 2005

Soneta XVII


Soneto XVII
Pablo Neruda (Cem sonetos de amor)

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio

Ou flecha de cravos que propagam o fogo:

Te amo como se amam certas coisas obscuras,

Secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva

Dentro de si, oculta, a luz daquelas flores

E graças a teu amor vive escuro em meu corpo

O apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando nem onde

Te amo diretamente sem problemas nem orgulho:

Assim te amo porque não sei amar de outra maneira

Senão assim deste modo em que não sou nem és

Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha

Tão perto que se fecham seus olhos com meus sonhos".

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